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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Carro de Emergência da Reanimação

Na segunda-feira, durante a tarde, pedi a uma das enfermeiras, que estava a fazer o turno de dia, que me explicasse quais os componentes do carro de emergência da Reanimação, isto porque quanto menos se espera, pode surgir uma situação de paragem cardio-respiratória, pelo que é necessário agir o mais depressa possível e de forma eficaz, daí a importância de se saber manejar o carro de emergência.

Portanto, esta reflexão serve para me ajudar a identificar todos os componentes do carro de emergência, desde os fármacos até ao desfibrilhador e, acima de tudo, entender para que serve cada um desses componentes.

Começando da parte mais superior do carro para a mais inferior, na primeira gaveta do carro temos toda a medicação de RCP (Paragem Cardio-Respiratória) Avançada assim como outras medicações, como por exemplo, para sedar e relaxar no caso de ser necessário entubar. Então, os principais fármacos presentes são:
  • Adrenalina 1 mg (inotrópico/cronotrópico):
    • Aumenta a contractilidade do miocárdio, a frequência cardíaca, a resistência vascular periférica e a pressão arterial. 
    • Este fármaco é administrado por via endovenosa, numa dose de 1 mg/1 ml a cada 3 minutos, de preferência na veia central.
  • Atropina 1 mg (parassimpaticolítico):
    • Aumenta a frequência cardíaca e promove a broncodilatação.
    • Administrado por via endovenosa, diluído ou em bólus rápido, sem ultrapassar a dose máxima de 2 mg/dose.
    • Em pacientes entubados, deve ser diluído em 3 a 5 ml de soro fisiológico.
  • Lidocaína a 1%, 100 mg:
    • Fármaco para produção de anestesia local ou regional
  • Procainamida a 1g (antiarrítmico): 
    • Usado em situações de arritmia ventricular e supraventricular.
    • Diminui a excitabilidade, a velocidade de condução e a automaticidade do miocárdio.
  • Cloreto de Cálcio a 10%, 10 ml:
    • Em situações de paragem respiratória, este fármaco não tem importância imediata e normalmente, só é utilizado em situações de hipocalcemia, por via endovenosa em bólus.
    • Não deve ser diluído em bicarbonato, para evitar a sua precipitação.
    • A veia de administração deste fármaco deve ser sempre lavada antes e depois de infundir o cloreto de cálcio, com soro fisiológico, para evitar infiltrações que podem provocar esclerose da veia e necrose dos tecidos.
  • Sulfato de Magnésio 10 ml:
    • Anticonvulsionante.
  • Cloreto de Sódio a 0,9%, 10 ml:
    • Para diluição de medicações e para lavagem das veias entre administração de diferentes fármacos.
Outras Medicações:
  • Etomidato 20 mg (anestésico geral):
    • Pode provocar descida transitória da TA por diminuição da resistência vascular periférica.
    • A dose recomendada é de 0,3 mg/kg, podendo induzir no paciente um sono de 4 a 5 minutos.
    • Deve ser administrado apenas por via endovenosa, de forma lenta.
  • Midazolam 25 mg:
    • Indutor do sono, sedativo e anticonvulsionante.
    • Administração por via endovenosa, contínuo ou em bólus lento (2 a 3 minutos), ou por via intra-muscular, quando o paciente não tem acesso venoso.
  • Propofol a 1 %, 20 mg (indutor do sono):
    • Medicamento de curta duração, para iniciar e manter a anestesia geral.
    • Pode provocar uma ligeira descida da TA.
    • Este medicamento não necessita de ser diluído e pode ser administrado em bólus lento por  perfusão contínua.
  • Xilocaína aerossol a 10 % em recipiente de 80 g:
    • Lidocaína para anestesia tópica.
  • Xilocaína em gel a 2%, em recipiente de 20 g:
    • Cloridrato de lidocaína para anestesia tópica.
Seguindo para baixo no carro de emergência, na segunda gaveta podemos encontrar todo o material de acesso venoso, através do qual se poderá administrar toda a medicação acima referida, ou pelo menos parte dela. Então, nesta gaveta podemos encontrar:
  • Cânulas endovenosas com catéter externo à agulha (tipo Abbocatt), de vários calibre, ou seja, 14 G, 16 G, 18 G, 20 G, 22 G e 24 G.
  • Kit para punção de Via Central com duas vias.
  • Bisturi descartável com manga, nº 11.
  • Seringas descartáveis de 2 a 20 ml.
  • Agulhas descartáveis (SC, IV e IM).
Na seguinte gaveta, podemos encontrar o material necessário para auxiliar no processo de entubação endotraqueal, ou seja:
  • Manga de laringoscópio de adulto.
  • Manga de laringoscópio pediátrica.
  • Lâminas curvas, tipo Machintosh (nº 1, nº 2, nº 3 e nº 4).
  • Lâminas rectas, tipo Miller (nº 0, nº 1, nº 2, nº 3, nº 4).
  • Pilhas para o laringoscópio adulto.
  • Pilhas para o laringoscópio pediátrico.
Relativamente a esta gaveta, é sempre importante confirmar em cada turno a funcionalidade destes aparelhos para que, no momento de serem utilizados, estarem aptos para tal.

Na seguinte gaveta, em complemento à gaveta anterior, podemos encontrar todo o material necessário à entubação endotraqueal propriamente dita, entre outros materiais necessários para manter a via respiratória permeável:

  • Via orofaríngea (Tubo de Guedel), desde o nº 00 ao nº 4.
  • Via nasofaríngea (nº 6, nº 7 e nº 8).
  • Kit de cricotirotomia.
  • Máscara transparente almofadada, para adulto e para criança.
  • Tubo endotraqueal sem balão de neumotamponamento (nº 3, nº 4 e nº 4,5).
  • Tubo endotraqueal com balão de neumotamponamento (nº 5; nº 5,5; nº 6; nº 6,5; nº 7; nº 7,5; nº 8; nº 8,5; nº 9).
  • Fiador do tubo endotraqueal, para adulto e para criança.
  • Intercambiador do tubo endotraqueal.
  • Sonda rígida de aspiração de ponta oval (tipo Yaukaner)
De seguida, podemos encontrar na última gaveta alguns medicamentos, que se encontram armazenados em recipientes maiores e também luvas de latéx. Dentro dos medicamentos podemos encontrar:
  • Bicarbonato, em recipiente de 250 ml.
  • Soro Fisiológico a 0,9%, em recipiente colapsável de 500 ml.
  • Hidroxietilalmidona em recipiente de 500 ml.
  • Lidocaína a 0,4% em recipiente de 500 ml.
Na estante lateral mais superior do carro podemos encontrar todo o material necessário à monitorização e registo cardíaco e à utilização do desfibrilhador:
  • Recipiente de gel electrocondutor.
  • Eléctrodos de ECG.
  • Eléctrodos de marcapassos externo.
  • Papel de registo de ECG.
Na segunda estante lateral podemos encontrar sistemas de soros, com ou sem reservatório e por fim, na última estante, podemos encontrar luvas esterilizadas (pequenas, médias e grandes), compressas esterilizadas e sacos para resíduos.

No carro de emergência podemos ainda encontrar:
  • Plano duro de RCP, para facilitar e promover a eficácia das compressões cardíacas.
  • Ficha de registo de manutenção do carro de emergências e do desfibrilhador, manutenção esta que se realiza uma vez por turno.
  • Ficha de recolha de dados.
  • Folha de inventário dos componentes do carro de emergência.
Por fim, na parte superior do carro podemos encontrar o desfibrilhador, um ambu para adulto e para criança e ainda, um contentor para as agulhas descartáveis.

Conclusão:

Aprender sobre o carro de emergência e sobre tudo o que dele faz parte foi de grande interesse para mim no entanto, não posso dizer o que seja o suficiente para me sentir apta a agir numa situação de emergência, uma vez que não basta saber o que é que faz parte deste carro. 

É também muito importante saber a sequência de intervenção e o modo de intervenção perante cada procedimento.

Mas esta reflexão, apesar de tudo, é para mim um ponto de partida para melhorar nesse sentido, ou seja, aprender e estar apta a agir rápida e eficazmente numa situação de emergência.

Bibliografia:
Serviço de Reanimação. Folha de Inventário dos Componentes do Carro de Emergências. Fundación Hospital Universitario de Alcorcon, 2012.

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