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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O que a escola ensina e o que o estudante aprende...

Hoje, 16 de Novembro de 2012, sétima semana de práticas clínicas aqui em Alcorcón, assisti a mais um seminário, organizado entre a universidade que me acolheu e alguns enfermeiros que trabalham num hospital onde estou a estagia, desta vez sobre RCP Avançada.

Ao estar hoje a escrever sobre este seminário, o que pretendo não é falar sobre os assuntos que foram abordados nem como foram abordados. O que pretendo realmente é falar sobre a importância da auto-formação do estudante de enfermagem, em associação com tudo o que se aprende, quer em contexto teórico ou teórico-prático, quer em contexto de ensino clínico.

Tudo isto vem a propósito da intervenção do professor das minhas práticas, relativamente aos nossos conhecimentos e à nossa intervenção sobre RCP Avançada, isto porque este referiu que nenhuma das participantes do seminário, incluindo eu, estava bem preparada para executar este procedimento e no caso de sermos sujeitas a uma avaliação, estaríamos todas reprovadas.

Ao escrever isto, não estou de forma nenhuma a ir contra o que foi dito pelo professor, muito pelo contrário, estou de acordo contudo, não posso deixar de partilhar a opinião das minhas colegas, que referem que a escola não nos prepara bem para estas situações, pelo menos em termos práticos.

Na minha escola, por exemplo, ainda não tive sequer as aulas teóricas e teórico-práticas sobre Emergência e Urgência em Enfermagem, onde abordaremos temas como o que foi abordado hoje no seminário. 

Tal facto é, na minha opinião, inadequado e até um pouco ridículo. Não é muito normal uma aluna como eu, a sete meses de me tornar enfermeira, não saber como proceder numa situação de paragem cardio-respiratória.

Actualmente, apenas domino os conhecimentos de suporte básico de vida o que por si só, não é suficiente quando estou a pouco tempo de ser enfermeira e tenho que confessar, só hoje é que compreendi alguns dos conceitos relativos a RCP avançada mas importantes também para outras vertentes de enfermagem e o que senti foi que não me sinto preparada para ser enfermeira.

Sei que quando terminar o curso não vou saber tudo o que tenho que saber, até porque a medicina e a enfermagem são ciências em constante evolução, pelo que tenho que ir actualizando diariamente o meu conhecimento mas pergunto-me se quando terminar, saberei o suficiente para ser enfermeira ou melhor, para ser uma enfermeira competente.

A enfermeira que nos deu hoje o seminário referiu que quando terminou o curso não sabia muito sobre como lidar em situações de emergência ou como saber distinguir um ritmo desfibrilhável de um ritmo fibrilhável, entre outros assuntos e indo de encontro à opinião das minhas colegas, referiu que, de facto, nem sempre somos bem preparados da parte da escola, sobre os mais variados assuntos no entanto, referiu algo também muito importante, ou seja, é importante partir do aluno ou do enfermeiro a vontade de querer saber mais.

O que a enfermeira disse é simplesmente a verdade mais simples a ser dita: se eu não quiser aprender, podem vir mil e um professores e enfermeiros, podem ser dados muitos seminários sobre todos os assuntos possíveis e eu não vou saber mais depois, porque não estou motivada para isso.

À cerca de uma semana entreguei a resolução do primeiro caso clínico, que era sobre uma situação de emergência, com vários pontos de actuação e para mim, foi complicado resolver este caso e sinceramente, não estou a contar com uma boa nota isto porque como já referi, ainda não tive a parte teórica sobre a maioria dos temas que eram abordados no caso. No entanto, devo referir que, de uma forma ou de outra, me esforcei para tentar fazer o meu melhor, porque estava motivada para isso e que queria dar o meu melhor.

Assim sendo, a motivação e a disposição para pesquisar e perguntar sempre que haja dúvidas são as melhores armas que um estudante, seja de que área for, pode ter para desenvolver as suas capacidades e as suas competências e ao ter vindo de ERASMUS, tenho aprendido a desenvolver essas armas, coisa que antes não fazia tão bem.

Por isso, e sem deixar de concordar com as minhas colegas de estágio, reforço mais uma vez a importância da auto-formação do aluno e agradeço ao professor de estágio e a todos os enfermeiros que proporcionaram a realização destes seminários, isto porque em Portugal não costumam ser abordados assuntos do género em contexto de ensino clínico, o que na minha opinião são muito importantes em complemento às pesquisas do aluno, especialmente para esclarecer e debater dúvidas pertinentes.

Ao longo de sete semanas de práticas, estes seminários têm sido de extrema importância para mim porque relativamente ao serviço onde estou a estagiar, existiam muitos conceitos que me eram estranhos e apesar de ainda hoje não os dominar por completo, pelo menos posso dizer que os compreendo minimamente, isto porque a necessidade de os compreender me obrigou a pesquisar e a perguntar sobre eles, em associação com tudo o que ia sendo dito durante os referidos seminários.

Em suma, nem sempre a escola reúne os recursos humanos e materiais necessários para que o estudante aprenda sobre todas as matérias, nas mais variadas situações, daí que seja importante a auto-formação do aluno, sendo este um ponto de avaliação, teórico e prático, do mesmo. 

Então, o importante é o professor e o enfermeiro motivarem e dirigirem o aluno para essa auto-formação, cientificamente fundamentada, assim como é fundamental o estudante estar disposto a esse esforço, em prol do desenvolvimento das suas competências.

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